TÉCNICA: Qual é a função do amortecedor?

Ao contrário do que geralmente se pensa, a função principal de um amortecedor não é assegurar o conforto. A tarefa mais importante do amortecedor é “empurrar” a roda contra a estrada, de modo a garantir a boa aderência do pneu. Como ele interfere na condução, que perigos existem quando perde capacidade e como descobrir quando um amortecedor está avariado é o que explicamos a seguir.

O automóvel é um conjunto complexo de diversos órgãos mecânicos e electrónicos que devem funcionar em sintonia e de forma precisa.

Além do bom funcionamento do motor, a direcção e a suspensão são outros elementos estruturais de um automóvel. O funcionamento incorrecto de uma destas partes pode desencadear reacções imprevistas ou impedir manobras evasivas de emergência, afectando seriamente a segurança da condução.

Em lugar menos visível do que o pneu, uma peça mecânica é fundamental para o bom desempenho do carro: o amortecedor.

Vulgarmente associado ao conforto, o amortecedor é o acessório que garante a aderência da roda à estrada. Por isso, a atitude de um automóvel em curva ou a eficácia de uma travagem de urgência dependem de um bom amortecedor e do seu bom funcionamento. 

Perigos de um amortecedor estragado 


A ideia generalizada de que a função mais importante do amortecedor é garantir o conforto explica-se pela origem da palavra, que sugere amortecimento.

Efectivamente, um mau amortecedor ou um amortecedor danificado reduzem o conforto dos passageiros, porque o automóvel perde capacidade para absorver as irregularidades do piso. E sucede, precisamente, porque a roda e todo o sistema que a prende ao veículo, reagem de forma anormal.

Se isto acontece quando o carro circula em linha recta sobre piso irregular, imagine-se o resultado do veículo em curva, quando parte do seu peso é transferido para um dos lados! Ou então, quanto o condutor é obrigado a aplicar uma travagem de emergência e uma das rodas adere à estrada melhor do que a do lado oposto...

Como funciona o amortecedor?


Um dos sistemas de suspensão mais utilizado é conhecido como “McPherson”. É um conjunto de braços e tirantes que ligam a roda à estrutura do veículo e que, no caso de se tratar de uma roda motriz, ou seja com tracção, tem de funcionar de modo estável e sem desvios que possam afectar a força transmitida pelo motor.

Como se pode ver na imagem, uma mola de aço, rija e capaz de suportar o peso do automóvel, é colocada horizontalmente - ou com alguma inclinação - para ajudar a amortecer as variações do piso. De modo a impedir o balanço brusco da mesma, tanto a distender como a encolher, uma peça no seu interior vai tornar mais suave e preciso esse movimento.

Esse acessório é, precisamente, o amortecedor.

O amortecedor é constituído por dois cilindros móveis que se encaixam entre si. O óleo ou o gás que tem no interior (ou mesmo os dois componentes) regulam o seu funcionamento nos dois sentidos: durante a compressão ou na distensão, podendo a força que exercem ser regulada ou ter um valor fixo.

Esta acção vai impedir que a mola continue com um movimento elástico após a passagem por um buraco, por exemplo, ou ajudar a recolhê-la suavemente quando o carro passa sobre uma elevação na estrada.

Cada veículo tem o seu tipo de amortecedor


O amortecedor, parte fundamental da suspensão, tem ainda que ser suficientemente flexível e moldável para acomodar pesos variados consoante a utilização que é dada ao automóvel.

Por isso é que existem diferentes tipos de amortecedores, com diferentes cargas, e cada viatura deve utilizar o mais apropriado ao seu peso e função.

Em primeiro lugar, porque o amortecedor contribui para manter a carroçaria estável e nivelada, quer a viatura transporte apenas o condutor ou circule com a lotação completa e a bagageira cheia.

Já um modelo mais desportivo vai precisar de um amortecedor mais firme, de modo a garantir que o piso do pneu vai estar sempre em contacto com a estrada mesmo durante as manobras mais bruscas do volante.

Ao aumentar a aderência do veículo, isso naturalmente melhora a confiança e a segurança de quem conduz.

Seja num carro familiar ou num desportivo, o amortecedor é também fundamental quando se conduz sobre piso escorregadio. Pouco adianta ter bons pneus de chuva, se estes não conseguirem pisar com firmeza a estrada molhada para abrir caminho e ajudar a travar rapidamente sem risco de aquaplanagem.

Além de danificar outros elementos estruturais de um veículo, como a direcção e outros elementos da suspensão e do sistema de travagem, um amortecedor estragado vai provocar o desgaste prematuro ou irregular do pneu.

Como perceber quando o amortecedor já não está bom?


O primeiro indício de que um amortecedor já não está bom é o veículo balançar demasiado ou produzir um movimento seco quando passa sobre um buraco.

Outro sintoma é a direcção tornar-se mais "pesada", obrigando a exercer mais força sobre o volante.
Desvios em curva que obrigam o condutor a alargar a trajectória para não perder o controlo do carro ou verificar que a distância de travagem aumentou e se tornou imprecisa são também sinais de alerta bastante graves e que exigem uma avaliação técnica urgente, antes que aconteça um acidente grave.

O modo mais fácil para verificar o estado em que se encontra um amortecedor é, com o carro parado, pressionar a carroçaria junto a cada uma das rodas. Se não se mover ou após um primeiro movimento a carroçaria continuar a balançar, é quase certo que o amortecedor já não está em condições.

Para não desequilibrar o veículo, o amortecedor é obrigatoriamente trocado aos pares em cada um dos eixos.

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