MINI: Os carros não se medem aos palmos!


No final da década de 50 do século XX, a conservadora indústria automóvel britânica vivia um ambiente muito especial.

Por um lado, os construtores mostravam-se relutantes em introduzirem inovações nos seus produtos.

Por outro, a maioria dos automóveis ingleses mais populares e acessíveis, sofriam de uma grave desatualização técnica.

Enquanto isso a Europa continental respondia com modelos como o Volkswagen, o Fiat 600, o Renault 4 cv ou o Citroen 2 cv.

Este ambiente e a crise de petróleo motivada pela disputa do canal do Suez tornava imperiosa a necessidade de um modelo tecnicamente mais evoluído e estilisticamente mais moderno.

O presidente da BMC, British Motor Company, declarou essa vontade e acrescentou: teria de ser económico, fácil e barato de produzir, mas versátil e com espaço, conforto e com prestações interessantes.

Estávamos em 1957.

Os planos incluiam o propósito de conceber um automóvel de dois volumes, com não mais de três metros de comprimento.

Mesmo assim capacidade para quatro adultos e ainda alguma carga.



Como o MINI consegue ter tanto espaço interior?


Um dos truques para poupar dinheiro no projeto passava por aproveitar um pequeno motor já existente, comprovadamente fiável e simples de reparar.

Para ganhar habitabilidade, seria disposto transversalmente, à frente, juntamente com a caixa de velocidades.

Isso conferiu-lhe uma frente bastante compacta, mesmo assim com espaço para o sistema de direção!

Outro, foi utilizar tração dianteira.

Isso libertou área para o habitáculo e para a bagageira, já que dispensava o túnel central ao longo do carro, destinado ao veio de transmissão às rodas traseiras.

A carroçaria monobloco, as rodas de dez polegadas (baixando o centro de gravidade), as suspensões com rodas independentes e blocos de borracha vieram garantir ao novo modelo uma estabilidade notável para a época.

E também o comportamento em curva ainda hoje preciso, divertido e muito apreciado.


Outros truques conferiram ao MINI original uma versatilidade interessante:

  • A colocação dos instrumentos no centro do tablier tornava o habitáculo menos acanhado. Criava a ilusão de maior profundidade em relação ao condutor e, simultaneamente, libertava espaço para  colocar objetos de pequenas dimensões;
  • A porta da bagageira abria de forma a servir como prateleira para o transporte de volumes de maiores dimensões
  • As cavas das rodas traseiras, colocadas no extremo da carroçaria, não interferiam no espaço do banco traseiro.

A produção iniciou-se em 8 de Maio de 1959 e, a 26 de Agosto, foi apresentado ao público o Austin Se7en o o Morris Mini-Minor, marcas do grupo BMC.

Um carro inglês desenhado por um turco armado Cavaleiro


O MINI, como hoje é conhecido o carro independentemente da sua marca, é muito provavelmente o carro inglês mais famoso.

Porém, quem o desenhou foi um turco chamado Alexander Arnold Constantine Issigonis.

Mais tarde seria ordenado Sir pela Rainha Isabel II; Sir Alec Issigonis.

Filho de pai grego e de mãe alemã, nasceu na Turquia em 1906.

Estudou engenharia em Londres e, após passar por diversas empresas mecânicas, concebeu, para o Morris Minor, o primeiro carro inglês a ultrapassar o milhão de unidades vendidas.

Mas antes de ingressar na BMC em 1955, Issigonis teve uma curta passagem pela Alvis. Foi aqui que começou a esboçar os contornos de um automóvel de pequenas dimensões.

David contra Golias


Nos ralis o MINI bateu-se com carros mais potentes e ganhou.

A "culpa" recaí sobre John Cooper, especialista mecânico responsável pela preparação de carros e motores para competição.

Coube a ele o nascimento da fama que ainda hoje gozam os Mini Cooper!

O MINI conheceu inúmeras versões oficiais, entre elas um modelo carrinha designado Countryman ou Estate, uma pick-up e o muito popular Mini-Moke.

Foi produzido em inúmeros países, incluindo Portugal.


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